Quantas vezes você já imaginou uma cena perfeita para o clipe que você quer ou para um roteiro que está na sua cabeça a partir de uma das milhares de músicas que você tem no seu Spotfy? Quantas vezes, assistindo aquele filminho, você percebeu que o som da cena era o que te deixa com mais medo do que do monstro em si?
Em tempos tão visuais, em que câmeras conseguem imagens cada vez mais bem definidas, o som parece ficar em segundo plano. Mas é justamente o contrário: grandes obras e grandes produções têm setores e pessoal que é voltado tão somente para ele que parece simples, mas não é: o áudio.
Numa linha do tempo, principalmente em termos audiovisuais, o som aparece primeiro do que o cinema. O surgimento do rádio e da produção de material sonoro, nos anos 1920 e 1930, foi o que desencadeou uma nova forma de consumo de som. Não é incomum ver a vovó grudada no rádio, ouvindo as músicas que ela gosta ou ainda o Tio Zé, escutando o futebol que só ele entende.
Ainda sem o auxílio da imagem, os produtores aprenderam a contar histórias e vender produtos utilizando jingles e radionovelas, e isso marcou o seu tempo. Antes, ele contava a história sozinho, construindo as imagens no imaginário do público.
Com a integração do cinema, o som foi reimaginado, principalmente como item que acrescenta valor e reforça a imagem que é mostrada na telinha. Um som bem tratado, seja num diálogo, seja por meio de uma trilha ou mesmo um som ambiente, transforma aquilo que está sendo mostrado e faz com que o seu público tenha imersão.
Em compensação, um áudio que não é tradado com mais cuidado deixa o seu conteúdo com uma cara mais amadora e faz com que ele perca qualidade profissional. Isso sem falar nos possíveis erros de interpretação que podem decorrer de uma fala que não ficou clara, da cacofonia, do eco ou de milhares de outros detalhes que podem realmente estragar sua produção.
Assim, algumas coisas são importantes quando estiver preparando seu material. Coisas que devem ser mantidas em mente para que você não deixe de lado e que nós separamos para você:
• Equipamento: quando se trata de áudio, existe sempre um equipamento correto para cada necessidade. Fique ligado naquilo que você vai precisar e qual o efeito que você quer criar. Os tipos de microfone (cardióide, hipercardióide, omnidirecionial, shotgun, etc.), os gravadores, cartões de memória, baterias extras, tudo deve estar planejado para que não ocorram surpresas.
• Cuidado com eco: outra coisa que é importante dentro do seu planejamento de áudio é verificar, com o seu equipamento do eco do local da gravação. Alguns tipos de local e alguns tipos de equipamento acabam sendo mais propícios para o eco, e quando isso ocorre a produção fica bastante prejudicada ou perdida. Testar os equipamentos e visitar os locais pode ajudar e muito para evitar o eco.
• Grave as faixas separadamente: normalmente, quando resolvemos tratar o áudio no mesmo patamar que o vídeo, devemos gravar cada item que precisa ser captado separadamente. Por mais trabalho que isso dê, na hora do tratamento, ou se um erro de captação ocorre, é possível rever ou refazer somente aquela faixa ou trecho, sem que tudo tenha de ser fazer novamente. Dica extra: mais de um gravador pode ajudar você na separação e organização de faixas. Gravadores profissionais permitem a entrada de mais de um microfone ou a separação de faixa de acordo com a sua necessidade.
• Trate com cuidado: ao contrário da edição de vídeo ou tratamento de imagens, na qual você vê diretamente o resultado do que você está fazendo, ao tratar o áudio, é a vez dos ouvidos trabalharem, e você vai precisar de muita atenção e cuidado para fazer o melhor tratamento possível. Então, isole faixas, ouça mais de uma vez, corte, trate e não tenha medo de fazer tudo repetidas vezes. No fim, você vai perceber o capricho no áudio. Ferramentas específicas podem ser utilizadas em programas como o Audacity, Adobe Audition ou Sound Forge.
• Sincronização é tudo: quando a gente fala em sincronização, logo pensa que é só se imagem e som batem certinho. Além de fazer a conferência do momento em que cada som ocorre em relação ao vídeo, é importante entender como o som ajuda na fluência daquilo que está sendo mostrado, completando o sentido.
Essa é apenas uma das formas de fazer com que sua produção seja cada vez mais imersiva e cada produtor de conteúdo pode trilhar uma diferente. O mais importante é sempre ter em mente de que o som de qualquer que seja a sua peça também conta uma história por si só e merece um tratamento especial.
E você, como trata o som do seu conteúdo? Conta pra gente nos comentários.
Escrito por João Leite